sexta-feira, 25 de julho de 2008

A empatia e as suas velocidades



Qual é a velocidade de um encontro? Será que a circunstância do tempo e lugar influencia a aproximação de duas pessoas? E como influencia? Depende esse encontro da atitude de um deles, ao saltar da sua posição inamovível na direcção do outro? Que posso eu dizer sobre isto? Só duas pessoas que nunca se viram desconhecem a existência da outra, mas o encontro vive de pormenores, sintetizados no minuto da circunstância feliz que acaba por dar sentido ao conhecimento um do outro. Pode ser um minuto, uma hora ou três horas, vividas no mesmo espaço, quatro paredes qual câmara de encontro que fecha duas pessoas para uma aproximação, de outro modo improvável. Quantas vezes não passamos pela mesma pessoa, sentados de frente num transporte público, no local de trabalho, sem troca de palavras, simples cumprimentos matinais ou despedidas vespertinas? Uma frase diferente, feita de outras palavras pode fazer toda a diferença. E se o comboio onde viajam parar na linha com falta de energia e o diálogo se tornar inevitável para preencher o silêncio colectivo na carruagem? E se o elevador, que muitas vezes partilham ao final da tarde, estancar num andar qualquer durante minutos a fio. Estará o vazio quebrado entre os dois?

E qual o motivo para a velocidade do encontro? Pode ser uma situação engraçada vista pelos dois num mesmo espaço, ou um livro que um deles está a ler, ou uma música que paira sobre ambos e que um resolve comentar. Todos temos velocidades diferentes e os encontros também. Se dependem do suave desenrolar da coincidência, acaso ou circunstância, não será menos verdade que uma força oculta nos impele para a aproximação? Eu quero acreditar que sim.

1 Comentários:

Blogger Dirim disse...

Há um livro do Kundera "A Identidade" que me fez pensar particularmente nessas circunstâncias que podem aproximar ou afastar, irremediavelmente, as pessoas. Esta é somente uma das perguntas que podemos fazer: "Se, antes desse único encontro a sós, ele a tivesse encontrado muitas vezes tal como ela era com os outros, teria reconhecido nela o ser amado?”

7/26/2008  

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