terça-feira, 26 de agosto de 2008


Torre Agbar de Jean Nouvel (Barcelona)

I keep it upstairs



Em repeat a versão ao vivo de About Today.

Do porto de abrigo de Oeiras
As casas vistas de cima parecem bolos alinhados numa prateleira de pastelaria. Algumas têm cobertura de cenoura, outras mais escuras, receberam a cor do chocolate. Mas cada uma é feita de um doce diferente, a julgar pelas cores das paredes.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

When I Call A Name

If you really love me

Then let’s make a vow

Right here

Together

Right now

Repeat after me:


I’m gonna be free

And I’m gonna be brave

I’m gonna live each day

As if it were my last

Fantastically

Courageously

With grace

And in the dark of the night

And it does get dark

When I call a name

It will be your name

Let’s go everywhere

Even though

We’re scared

Because it’s life

And it’s happening

Right now


do filme Eu, Tu e Todos os que Conhecemos (2005) de Miranda July

domingo, 24 de agosto de 2008

Pego nas tuas palavras

Vive os dias em câmara lenta. Nas paredes daquela sala passam imagens do que mais gosta e deseja, mas o tempo corre mais devagar. Enquanto estiver no seu interior, sabe que viverá numa velocidade amortecida. Espera que a porta se abra pela mãos dela, finas e delicadas.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Hoje é dia de Público. Levou-o consigo para uma esplanada. Na mesa de madeira, o café bebido sem açúcar e música como pano de fundo. Manhã solarenga e vento irrequieto. Crianças de patins em linha, casais de óculos escuros de mão dada e muitos fatos de banho. Um cão levado pela trela do dono, embevecido com a destreza do animal como se fosse seu filho. Tudo isto observou no caminho de regresso ao carro, porque no tempo em que esteve na esplanada, apenas a linha do horizonte, cortada pela serra, lá ao fundo, lhe serviu de consolo. Já em casa, depositou o jornal no escritório. Tão cedo não sairá daqui. Ele e o jornal.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008



Sem palavras, apenas iniciais.

I stand next to me

Ele acalma-se com a presença das pessoas. Sente que preenche o vazio que rói por dentro. Isso ou a voz que espera religiosamente, duas vezes por dia. Nos intervalos, fala para o passado e reinventa o futuro em folhas brancas, imaculadas alguém disse. Os parques de estacionamento da cidade estão vazios e nos passeios não se vê o turbilhão de gente em movimento constante entre a casa e o trabalho. Há vento, demasiado para a altura do ano e alguns pingos de chuva dão um colorido diferente, inusitado, para os que julgam saber o que é o Estio. Auto-estrada fora, terceiro desvio depois da entrada, estádio à esquerda e hospital à direita. Coloca o carro sempre da mesma maneira e faz um caminho curto até à casa dos mortos. Hora de almoço com amigos, tempo para sentir o timbre de voz, o suficiente para o segundo turno entre o silêncio. Regresso a casa e às palavras que tem de escrever, porque sente uma necessidade vital de depositar a tinta o que lhe vai na alma. E a música, presença constante, um prolongamento da sua geometria física, na extensão das paredes. A tocar para ela.

Por estes dias azuis

I'm gonna run to the river
Kiss my hand and wait
Gonna run to the river
Gonna throw a blue bouquet

Santa Clara//The National

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Léxico sentimental (esboço)

benfica (não confundir com o clube)
evian
308
azul
guimarães
castanho
ilha
distância
graça
gulbenkian
eduardo VII
tofu
chocolate
cinema
jazz
Contudo, gostaria às vezes de ter medo da profundidade da água, de pensar duas vezes antes de mergulhar no azul. No seu elemento, temo perder a batalha, ir cada vez mais na distância e não ser correspondido pela sua luz natural. Numa entrega entre carne e líquido não deve existir distinção dos diferentes comprimentos.

Casa Batló - Barcelona



Daqui não consigo vê-la, mas os meus olhos estão lá.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Don't let the darkness eat you up



José González//Down The Line
O que esconde a tua face quando não me olhas de frente?

Repeat


Com insistência, como se entre a noite e o dia não existisse descanso.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Desta vez é o vento quente do Mediterrâneo que não o deixa sossegar. É uma espécie de latência que percorre o corpo, um sinal evidente da falta que sente dela. Por muitas voltas que dê à imaginação, nada se compara ao cheiro doce da sua pele. E o sorriso, simplesmente lindíssimo. Assim corre o infelicíssimo mês de Agosto.
Duas vezes dezoito = Azulíssimo

domingo, 17 de agosto de 2008

Ramblas

Faz algum sentido
que caminhes
avenida abaixo
lojas de mil cores
gente a tresandar
em marcha desencontrada
e mil línguas
num só sítio
sem mim?
Claro que faz
a realidade
tem sempre
a última palavra
mas eu
vou imaginando.

António Vieira

Esteve em cena nas ruínas do Convento do Carmo a peça de teatro Vieira. O Céu na Terra, texto de Miguel Real e Filomena Oliveira. Durante uma hora e meia desfiou-se a vida de António Vieira em episódios relacionados com a escravatura e a necessidade de um melhor tratamento de todos aqueles que eram os braços e as pernas da colónia brasileira. Destaca-se o personagem desempenhado por João Lagarto, o de inquisidor-mor, sempre num tom sórdido mas com laivos de boneco humorístico. José Henrique Neto deu vida a António Vieira. A peça tinha legendagem em inglês e espanhol, o que acabou por servir toda a assistência por culpa das deficientes condições acústicas do espaço. Para quem não conhecia o essencial da vida daquela figura maior da cultura portuguesa, a representação foi servida numa perspectiva didáctica, diria mesmo em demasia, mas estamos em Agosto e eram muitos os estrangeiros presentes. Eu próprio senti-me turista na minha cidade. Welcome to Portugal!

Barreiros Vs Vedder

Acordei ao som de Quim Barreiros, debitado por um vizinho do piso de baixo. Habito num simpático casebre com paredes coloridas num universo rústico às portas da grande cidade. Ripostei logo que saltei do leito quente com Pearl Jam. Sinto-me o padre António Vieira a falar para os peixes e a julgar pelo gabarito musical da vizinhança que me entra pelos ouvidos, tenho um longo e árduo trabalho de catequização pela frente.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

You own me

Em directo e a cores
o cigarro voou para a boca
com pressa de ser fumado
e escrevia por tudo e por nada
tinha a inspiração
sentada na mesma cadeira.

escrito a quatro mãos

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Ventos de Leste na minha caixa de correio


quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A intensidade do verde dominou a manhã daquele quarto. Ganhou movimento próprio ao saltar das paredes para os corpos deitados na cama. O tempo passou, a luz do Sol ganhou a batalha e já de noite, no regresso, apenas as paredes guardavam a memória daquela intensidade.

Uma briga entre irmãos será sempre uma briga entre irmãos.

terça-feira, 12 de agosto de 2008


Sonho causado pelo voo de abelha à volta de uma romã um segundo antes de acordar, Salvador Dalí

Intervenção matricial
a de uma romã
princípio
de todas as coisas


The Passenger

«I'm standing on the platform of a tram and am tottaly uncertain in regard to my status in this world, in this city, in my family. I couldn't even incidentally specify what demands I could justifiably make in any direction. I cannot at all account for the fact that I am standing on this platform, holding on to this strap, letting myself be carried by this tram, that people make way for the tram or walk along quietly or pause before shop windows. It's true that no one demands it of me, but that doesn't matter.» Franz Kafka, Meditation, Vitalis, 2007.

sábado, 9 de agosto de 2008

À espera


Running To Stand Still (Live at Sidney, 1993)//U2

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Audições vespertinas

Today you were far away
and I didn't ask you why
What could I say
I was far away
You just walked away
and I just watched you
What could I say

How close am I to losing you

Tonight you just close your eyes
and I just watch you
slip away

How close am I to losing you

Hey, are you awake
Yeah I'm right here
Well can I ask you about today

How close am I to losing you
How close am I to losing

About Today//The National
«A noite ainda está viva no fundo da floresta: a noite e tudo que esta palavra significa, com a consciência da presa, do amor, do vaguear, do prazer de viver desinteressado e da luta pela sobrevivência. É o momento em que não apenas nas profundidades da floresta, mas também na obscuridade dos corações humanos acontece algo. Porque os corações humanos também têm as suas noites, cheios de emoções tão selvagens, como os impulsos da caça que assaltam o coração do veado ou do lobo.»

Sándor Márai, As Velas Ardem Até Ao Fim

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Na volta do correio


quarta-feira, 6 de agosto de 2008

De noite cantou em Praga. De manhã sorriu com Budapeste.

Açores superlativos

O Archipelago dos Açores, e a docka de S. Miguel

É sem dúvida o archipelago dos açores uma valiosa província da monarchia portugueza. Jaz ella bem longe do continente, e quasi esquecida, mas nem por isso esmorece; tem a bênção da naturesa; o solo é feracissimo; a situação prospérrima; a actividade dos seus habitantes, muita; e tudo lhe abona, e segura certo grao de prosperidade.

Jornal do Commercio, 16 de Fevereiro de 1861
CAOUTCHOUT VULCANISADO
Sacos para urinas para Homem e para Senhoras

Vendem-se na botica de A. F. A. D’Azevedo. Praça de D. Pedro, nº 88


Jornal do Commercio, 4 de Fevereiro de 1857

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Audições nocturnas

Escritos do outro mundo

Mais dois anúncios do Jornal do Commércio de 1856. O primeiro menciona a virilidade da criatura e o segundo propala o exímio trabalho de mãos do francês:

Monstro Admirável

Sendo um rapaz de 13 annos de idade, o qual apresenta o tronco sem membros ou rudimentos d’elles, tanto inferiores como superiores, tem o tronco palmo e meio de comprido. Tem os orgaos sexuais. O tronco representa a copa d’um chapéo, sobre este esta colocado o collo, e a cabeça que é muito regular em forma e grandeza. Tem o cabello loiro, boa dentição, olhos vivíssimos, aprende com a maior prestesa tudo quanto se lhe ensina. Falla bem e com excellente timbre de voz. Peza 32 arrateis. Não consta que tenha apparecido um facto igual, sobre tudo viável. Estará patente todos os dias, principiando no domingo 13 do corrente, das 10 horas do dia ás 10 horas da noute, no Largo do Rocio nº 101, 1ºandar. Preço 210 rs.
Lisboa 10 de Janeiro de 1856.


Mr. Prospero Lasserre
tira retratos a óleo perfeitamente parecidos ao natural. Travessa de Sancta Justa, nº 38, 2º andar.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008



dEUS//Bad Timming
Gostava de ter o dom da ubiquidade. Ao menos tenho o dom do ecletismo musical. Já não é mau, mas é claramente insuficiente.

Outros livros outros tempos

Por estes dias visito o Império do Silêncio, vulgo Biblioteca Nacional. A viagem pelo Jornal do Comércio do ano de 1865 ofereceu-me duas interessantes preciosidades relacionadas com livros:

A Mulher Casada Deve Bater Em Seu Marido

Saiu a 2ª edição d’este interessante e divertido folheto. Preço 60 réis, loja de Bordalo, rua Augusta, nº 24 .


A Freira

Pelo mesmo author do Maldito

Acaba de ser publicado este romance. Dois volumes em 8º - Preço 720 réis. Vende-se nas lojas do costume e na typographia do Futuro, rua da Cruz de Pau, nº 35. Tanto a Freira como o Maldito desmascara a seita dos jesuítas e os seus tramas. Todas as famílias deviam ler estes livros para se prevenirem das ciladas dos jesuítas, e conhecerem o que ainda hoje se passa nos conventos.


Site Meter