domingo, 23 de março de 2008

Repeat on...



Em audição repetitiva...

segunda-feira, 17 de março de 2008

Momentos de ruptura da nossa história

A História de Portugal está repleta de episódios que mostram o avanço no conhecimento do mundo provocado pelo movimento de Expansão Marítima, iniciado no início do século XIV. As viagens de exploração atlântica e a presença de europeus na costa africana viriam a quebrar com todo um manancial cultural baseado na imaginação e no "ouvir dizer". Com os Descobrimentos, os portugueses puderam então alterar o quadro mental de uma Europa agarrada ao imaginário de seres fantásticos que povoavam águas e terras no Meridião. Este trecho é bem o exemplo de um salto qualitativo no conhecimento da realidade, porque observada e não imaginada. Porque, como diria Duarte Pacheco Pereira, «a experiencia é a madre de todalas cousas»:



«O senhor Infante ficou a saber por eles [os árabes] o caminho para chegar a Tambucutu. Disseram-lhe muitas mentiras. Disseram os árabes quando vão de Adém para Tambucutu levam de 400 a 500 camelos em fila e que encontraram no caminho uma grande montanha a que dão o nome de Montanha de Abofur; disseram que essa serra era povoada de gente de maravilhar, por tal forma que os machos têm vulto de cão e uma grande cauda e são peludos ao passo que as mulheres são de muita beleza e de grandes ancas. E diziam muitas outras coisas que se via que eram mentira. (...) Estas coisas que aqui se escrevem, damo-las com a devida vénia do ilustríssimo Ptolomeu, que muito de bom escreveu acerca da divisão do mundo, mas nesta parte enganou-se. Escreveu, com efeito, que o mundo se dividia em três partes: uma povoada, que ficava a meio do mundo; a setentrional, segundo escreveu, não era povoada devido ao frio excessivo; escreveu também que a parte equinocial do meridião era também desabitada por causa do calor excessivo. Descobrimos que tudo era diferente, pois o polo árctico vimo-lo habitado até para além do prumo do polo e bem assim a linha equinocial habitada também por negros e em tão grande multidão de gente que custa a acreditar; a parte meridional está coberta de árvores e de frutos, ainda que os frutos sejam de natureza fora do comum e as árvores sejam de tal grossura e tão altas que não dá para crer. Sem mentir digo que vi uma grande parte do mundo, mas nunca vi coisa semelhante a esta.» [negrito meu]
Diogo Gomes de Sintra, Descobrimento Primeiro da Guiné [séc. XV], Lisboa, Edições Colibri, 2002.

Pela costa fora

Nestes dias navego por entre os recantos históricos da costa ocidental africana. Das principais praças marroquinas que foram nossas, passando pelos arquipélagos atlânticos, palco das primeiras experiências colonizadoras, até mais para sul, nas costas de escravos, ouro e malaguetas.


Feitoria-fortaleza de São Jorge da Mina, fundada em 1481. Serviu de suporte ao comércio português com as gentes locais. Tal foi o sucesso e a riqueza acumulada com o ouro e escravos que cinco anos volvidos seria elevada a cidade. Está situada na actual cidade de Elmina, Gana.

sábado, 8 de março de 2008

Assim vou por dentro

In the deepest ocean
The bottom of the sea
Your eyes
They turn me
Why should I stay here?
Why should I stay?
I'd be crazy not to follow
Follow where you lead
Your eyes
They turn me
Turn me on to phantoms
I follow to the edge of the earth
And fall off
Everybody leaves
If they get the chance
And this is my chance
I get eaten by the worms
Weird fishes
Picked over by the worms
Weird fishesWeird fishesWeird fishes
I'll hit the bottom
Hit the bottom and escape
Escape
I'll hit the bottom
Hit the bottom and escape
Escape

Radiohead//Arpeggi Weird Fishes

Dia da Mulher


Carlota Joaquina

Neste dia dedicado ao ser humano fêmea, relembro um belíssimo exemplar da sub-espécie espanhola, que chegou ao Rio de Janeiro há precisamente duzentos anos, 8 de Março de 1808. Vinha integrada na comitiva real que encabeçava a Corte portuguesa, fugida à investida avassaladora dos rapazes de Napoleão, o pequenino francês que gritava sempre com a mão no estômago (serviu mesmo de inspiração ao cantor de música romântica Júlio Iglésias). Sabe-se hoje que a ida da Corte para o Brasil, representou a emancipação desejada por muitos nos círculos mais ilustres da sociedade colonial local. Hoje lá estava o nosso Aníbal a relembrar o facto histórico no Real Gabinete de Leitura do Rio de Janeiro, cujo espólio saltou do Real Palácio da Ajuda para as suas estantes, pouco tempo depois da instalação da Corte na capital da colónia.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Abadágio-Zurara



Foi da sua organização o projecto do Dicionário de História de Portugal, em seis volumes publicados pela Figueirinhas, que eu comprei há uns anos com o dinheiro de poupanças a uma senhora que vendia obras gerais de História na Faculdade de Letras de Lisboa. Hoje minha pasta tem, por coincidência, um livro seu sobre a Emigração Portuguesa, numa edição humilde dos Livros Horizonte, leitura de preparação de aulas sobre o tema para as minhas alunas. Joel Serrão faleceu hoje aos 88 anos, em Santana perto de Sesimbra. Deixou-nos um gigante. A obra continua a ser consultada por todos em qualquer biblioteca deste país.

quarta-feira, 5 de março de 2008

A hora do bolo cá de casa

1 Sunday Sun//The Cinematics
2 Help Me Please//Hard-Fi
3 Paper Planes//M.I.A.
4 Jimmy// M.I.A.
5 Unckle Johnny//The Killers
6 Vision Of Division//The Strokes
7 Burn My Shadow//UNKLE (Ft. Ian Astbury)
8 Skeletons//The Sound
9 Winning//The Sound
10 Down Boy//Yeah Yeah Yeahs
11 Up Against The Wall// Peter Bjorn & John
12 These Days//People Press Play
13 All We Ever Wanted Was Everything//Bauhaus
14 Damage//Yo La Tengo
15 Spring And By Summer Fall//Blonde Redhead
16 Summer Skin//Death Cab For Cutie
17 I Wanna Be Adored//Stone Roses

Acabado de gravar, para ver se aguento melhor o trânsito matinal (não confundir com trânsito intestinal, igualmente arreliador)
Numa das últimas manifestações de professores podia ler-se numa tarja: «MARIA DE LURDES DÁ-ME A TUA CAMISOLA». Ou era um professor de artes dramáticas ou então um tarado sexual com pós-graduação em geriatria.

terça-feira, 4 de março de 2008

take me gently



A ASAE apreendeu 220 toneladas de carne imprópria no Algarve. Com tantos quilos de mioleira estragada em São Bento...

Choque Judicial Já!



Vamos lá ver se percebo o que se está a passar: o mega-hiper-giga processo do Apito Dourado, que tanta polémica levantou, com a comunicação social a fazer portagens, reportagens e outras que tagens, programas de debate nos canais televisivos, pejados de intervenientes, agentes e reagentes de diversa ordem e espécie, resume-se (até ver?) a um jogo do Gondomar, esse autêntico colosso do futebol europeu (pelo menos lá na terra), contra não-sei-quem a contar para uma Liga Patrocinada Por Uma Marca de Águas Engarrafadas e a um jogo dos rapazes do Loureiro Júnior contra uma agremiação desportiva da actual cidade da Amadora, ex-Porcalhota! Perde-se rios de tinta a escrever sobre um processo judicial que, no meio de tantas e tamanhas acusações, apenas consegue descortinar sinais ténues, frágeis, sumidos e desvanecidos de corrupção de dirigentes desportivos de alto gabarito contra árbitros internacionais de reconhecidos pergaminhos (pelo menos na rua deles)? Num dia destes via-se alguém a tirar de um pequeno saco de plástico, um apito de ouro, minúsculo.

Então o apito dourado é isto? Agora sim, entendi perfeitamente.

between the rivers

E-entre-tanto-em-entre-os-rios-passaram-sete-anos-e-com-a-culpa-ninguém-quer-casar

domingo, 2 de março de 2008

O que é NATIONAL é bom



Dia 11 de Maio os The National brindam-nos com uma actuação na Aula Magna. Vou tentar não decorar letras para não irritar os companheiros de audição. Um concerto intelectual pressupõe gente emocionada mas contida, sem grandes manifestações de regozijo, em pose altiva, algo distante, mas conhecedora do que tem pela frente. Porque um (pseudo)intelectual não grita, pulula, ou geme. Pelo menos em público. De qualquer forma, entre os pagadores de bilhetes, estará na sala um grupo de mega-livreiros (e ex-mega-livreiros!), do melhor que se tem visto.

Como se fosse hoje



Uma das principais formas de preservar a memória histórica é a efeméride. Adoramos relembrar. O português tem uma queda natural para a nostalgia e para o fado/destino. Basta ver o que tem sido publicado sobre as Invasões Francesas em Portugal, a fuga da Corte de D. João VI para o Brasil ou o regicídio de D. Carlos. Já para não falar dos congressos e colóquios que reavivam episódios importantes da nossa história. Neste ano destaco ainda os dez anos passados desde a abertura e realização da Expo 98. Numa tentativa de ir para além da comemoração, a Câmara de Lisboa manteve as placas de sinalização da Avenida Infante D. Henrique... precisamente por dez anos. Assim, a Expo não é apenas lembrada, mas vivida todos os dias. Se calhar a empresa responsável por retirar as placas é um dos credores do município...

sábado, 1 de março de 2008

Procriai-vos uns aos outros



O Cardeal Patriarca de Lisboa deu uma entrevista ao semanário Sol. Até aqui nada de invulgar. O homem é adepto do Sporting, ainda por cima fuma, veste de preto, enfim, alguém com estilo. Na conversa mantida com Margarida Marante, D. José Policarpo fez referência à atitude da Igreja para com o afastamento da sociedade civil, algo perdida segundo as suas palavras e com pouca fé em Deus. Nada de irregular nisto, não há falta, quanto muito foi fora da área. O problema surgiu quando a conversa abordou o problema da quebra da natalidade, do peso que a mulher tem actualmente na sociedade portuguesa e dos subsídios que o governo propõe no apoio às famílias dispostas a alargar o agregado. Trancreve-se de seguida a sua resposta:

«É uma medida a meu ver pouco ambiciosa. Há países que foram muito mais longe. Hoje há outra questão que é a mudança de natalidade. As pessoas começam por esbarrar com as dificuldades e habituaram-se à ideia de um só filho. Desde que se quebre o coeficiente de equilíbrio a sociedade fica aberta a ser ocupada por gente vinda do terror e vinda do Ocidente e do Oriente como diz o Evangelho. O que faz com que seja previsível que dentro de alguns anos as sociedades europeias percam a sua fisionomia do ponto de vista religioso, do ponto de vista comportamental, cultural. Como se sabe, já há sociedades europeias a braços com a multiculturalidade e com a dificuldade de harmonia entre as diversas procedências da população, de que por um lado precisamos.» [negrito meu]

Gente vinda do terror! Gente vinda do Ocidente e do Oriente segundo o Evangelho? Agora sim, o sketch Gato Fedorento do Doutor Magalhães da Fonseca que viu extraterrestres que cheiravam distintamente a pão com chouriço e deixaram-lhe uma magnífica receita de bacalhau à Zé do Pipo faz todo o sentido. Moral da história: nunca mais me meto com russas, eslavas e bálticas ou outras que tais. Dormem de olhos abertos e mordem pescoços. Deve ser desagradável, pois sou fraquinho dos ossos.

Farol



Em Cascais, vale a pena uma visita ao Farol Museu de Santa Marta. Para aqueles que fazem uma gestão rigorosa do orçamento pessoal, fiquem a saber que é gratuito, pelo menos enquanto o farol de Santa Marta não abrir ao público. Está implantado numa zona, a da Cidadela, que tem sofrido uma interessante intervenção arquitectónica. A paredes meias com o museu encontra-se ainda o Farol Design Hotel e o bonito edifício Museu dos Condes de Castro Guimarães, local de realização dos Cursos Internacionais de Verão de Cascais. O espaço contém informações e objectos relacionados com o farol português, com natural destaque para a linha de faróis da barra do Tejo, onde se incluem o da Gibalta, de Santa Marta e o de São Lourenço da Cabeça Seca (Bugio). Podemos ainda ler citações literárias referentes ao farol ou ao faroleiro, num núcleo museulógico bem integrado naquele local, com uma arquitectura moderna de Aires Mateus. Um reparo: pena é que muitas vezes a arquitectura cometa o erro de render-se em demasia ao design moderno e com isso a visibilidade de alguns espaços daquele museu passe despercebida. Por exemplo, a cafetaria e a livraria.

Para consulta, o folheto informativo do museu.
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